



A Associação Brasileira de Antropologia (ABA), por meio de seu Comitê de Comunicação e Divulgação Científica, a Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias (Esocite.BR), a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) e a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB) tornam pública a decisão de não mais utilizar a plataforma digital X, conhecida anteriormente como Twitter.
Esta decisão tem como motivador principal a guinada da plataforma, liderada pelo bilionário Elon Musk, à extrema direita, o que se acentuou após a eleição de Donald Trump em 2024. No entanto, mesmo antes disso, a plataforma já estava envolvida em situações problemáticas, tendo sido suspensa no Brasil, em agosto de 2024, por cerca de 40 dias. Essa suspensão, decretada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, foi provocada pelo descumprimento sucessivo de decisões judiciais, baseadas, em sua maioria, na inefetividade da plataforma em combater a disseminação de desinformação e postagens de cunho violento, abusivo e de desrespeito aos direitos humanos.
Frente a este histórico, cabe a nós, associações científicas, combater práticas deste tipo. Sabemos que todas as plataformas digitais apresentam problemas de monta como a questão da vigilância de dados, a moderação ineficaz de conteúdos e o desmonte dos mecanismos de checagem de fatos, além de serem propriedade de grandes empresas de tecnologia, as big techs, que criaram o que poderíamos chamar de colonialismo digital. Ainda permaneceremos nas plataformas Facebook, Instagram e Google/YouTube por acreditarmos na necessidade de uso de suas ferramentas para comunicação e divulgação científicas. Salientamos, entretanto, que esse uso será feito de forma crítica e em defesa de ambientes digitais mais democráticos, diversos e respeitosos.
No caso específico da plataforma X, julgamos que a situação se tornou insustentável e manter seu uso implicaria estar de acordo com as inúmeras violações de direitos que podem identificadas em sua prática.
Defendemos, por fim, nossa mobilização permanente enquanto pessoas antropólogas e/ou cientistas sociais, por usos éticos da internet, que levem em consideração as diversidades e que se pautem pela preocupação com a defesa de direitos, com usos alternativos e produtivos das ferramentas digitais, dos dispositivos e das plataformas. E conclamamos as universidades, programas de pós-graduação, institutos, departamentos, grupos de pesquisa e pesquisadores a tomarem a mesma decisão de não utilizar a plataforma digital X.
Brasília, 25 de março de 2025.
Assinam esta nota:
Associação Brasileira de Antropologia (ABA)
Associação Brasileira de Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias (Esocite.BR)
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS)
Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB)
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