Apresentação

A Associação Brasileira de Antropologia é a mais antiga das associações científicas existentes no país na área das ciências sociais, ocupando hoje um papel de destaque na condução de questões relacionadas às políticas públicas referentes à educação, à ação social e à defesa dos direitos humanos. No decorrer de sua história, ela tem sido voz atuante em defesa das minorias étnicas, dos discriminados e posicionando-se consistentemente contra a injustiça social. Sem ter uma linha político-partidária, sua voz inquieta a todos os que não respeitam os direitos humanos. Seu código de ética exige respeito às populações estudadas e obriga o pesquisador a deixar claros seus objetivos para os grupos e populações que sejam objeto de suas análises.

Em 2003, comemoramos os 50 anos da 1a Reunião Brasileira de Antropologia (RBA), realizada no Museu Nacional do Rio de Janeiro. Embora a ABA só tenha sido fundada por ocasião da 2ª RBA, em Salvador, em julho de 1955, uma reunião brasileira de Antropologia já estava sendo planejada desde o início do ano de 1948, quando o Ministro da Educação e Saúde designou, por meio de portaria datada de 20 de fevereiro daquele ano, uma comissão integrada por Álvaro Fróes da Fonseca, Edgard Roquette Pinto, Arthur Ramos e Heloisa Alberto Torres, para planejar o “Primeiro Congresso Brasileiro de Antropologia”.

A ABA conta, desde 2004, com a revista acadêmica VIBRANT (Virtual Brazilian Anthropology), desde 2014, com a revista eletrônica Novos Debates, com um informativo eletrônico e cinco Prêmios de âmbito nacional: o Prêmio Pierre Verger de Vídeos Etnográficos e Ensaios Fotográficos, Prêmio Lévi-Strauss, Prêmio Direitos Humanos, Prêmio Heloísa Alberto Torres e Prêmio ABA/GIZ.

A realização das reuniões sofreu solução de continuidade durante o período militar (1964-1985). A 6ª RBA estava programada para ocorrer em 1965, em Brasília, sob a presidência de Eduardo Galvão. No entanto, o golpe militar de 1964 frustrou essa expectativa. A 7ª RBA só foi realizada em 1966, em Belém, sob o guarda-chuva da Reunião Internacional sobre a Biota Amazônica. Neste encontro, apesar do reduzido número de antropólogos que conseguiram ir à Belém, foi possível eleger uma nova diretoria. Em 1971, a ABA reuniu-se no I Encontro Internacional de Estudos Brasileiros, realizado na USP. Durante a Assembléia, verificou-se a impossibilidade da eleição de uma nova diretoria, por falta de quorum. Após oito anos sem eleições as reuniões foram retomadas. Em 1974, realizou-se em Santa Catarina, a 9ª RBA, graças aos esforços de Manuel Diegues Jr., presidente eleito em 1966, e de Silvio Coelho dos Santos. O sucesso desta reunião, que reuniu cerca de 400 participantes (um número muito superior ao esperado pelos organizadores), fez com que fosse considerada como um verdadeiro momento de ressurreição da ABA. Pela primeira vez a reunião contou com a participação de um considerável número de jovens, egressos dos recém criados cursos de pós-graduação em Antropologia. A partir de 1974, as reuniões passam a ocorrer bianualmente, sempre nos anos pares.

No decorrer dos 55 anos desde sua fundação, a ABA se consolidou como associação voltada para a discussão crítica do campo da Antropologia, particularmente através da promoção de eventos científicos no Brasil com abrangência internacional e da constante busca de manter essa discussão atualizada e articulado com àquelas correntes em todo o mundo. Do pequeno grupo que participou da 1ª RBA realizada no auditório do Museu Nacional no Rio de Janeiro em 1953, suas reuniões vieram a ter participação de mais de dois mil associados e não-associados. Algumas das disciplinas que inicialmente tinham suas reuniões junto com as RBAs fundaram suas próprias associações científicas, a exemplo da Sociedade Brasileira de Arqueologia (SAB) e da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS). A ABA tem exercido papel decisivo na formação do campo da Antropologia desde a segunda metade dos anos 1950 e continua a reformular e inovar, com o advento da pós-graduação em Antropologia em fins dos anos 1960, sua consolidação nas décadas de 1980 e 1990 e expansão mais recente ocorrida particularmente em princípios deste segundo milênio, sem que jamais tenha esquecido de exercer seu papel de participação e condução de ações políticas e sociais.

A regularidade dos eventos e das eleições de suas diretorias e conselho cientifico, a renovação constante de seus objetivos e seriedade na conduta dos assuntos antropológicos e a qualidade de suas reuniões conquistaram espaço e reconhecimento significativos da comunidade acadêmica. Tanto assim que as Reuniões Brasileiras de Antropologia fazem parte, há vários anos, da Agenda de Eventos da CAPES, do CNPq e da FINEP e Fundações de Pesquisa de alguns estados, a exemplo da FAPESP, FAPERJ, FAPERGS, FAPEMIG, FAPESB, FAPESC. Ao longo de todos esses anos, o apoio da Fundação Ford também tem sido crucial para a realização de várias atividades cientificas da ABA.

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