Cheios de indignação e revolta pelo bárbaro crime que todo país testemunhou nestas últimas semanas, em solidariedade e respeito às famílias das vítimas, Bruno Pereira e Dom Phillips, a ABA, por meio do seu Comitê de Inserção Profissional e com a Rede Autônoma Brasileira de Antropologia, RABA, vêm manifestar total apoio aos familiares e amigos de Bruno Pereira e de Dom Philips, neste doloroso momento de despedida.
Diante de tantas mortes de lideranças e de profissionais que atuam na defesa dos povos e comunidades tradicionais, do meio ambiente, da Amazônia, dos direitos humanos, esperamos que a visibilidade alcançada por este brutal assassinato gere impactos significativos no país e no exterior e fortaleça nossa luta contra a impunidade. São crimes que buscam destruir movimentos, entidades e pessoas que atuam em defesa dos direitos constitucionais dos povos indígenas, dos povos tradicionais e do meio ambiente no Brasil. As perdas que sofremos deixam um imenso vazio, sobretudo à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari – UNIVAJA e aos povos indígenas amazônicos, que estiveram unidos nas buscas pelas vítimas e nas investigações, com desmedida solidariedade e determinação.
Esperamos ainda que sejam retomadas as políticas públicas que garantam a presença, em segurança, de profissionais do poder público em defesa dos povos e comunidades tradicionais em todo o país, incluindo os servidores da Fundação Nacional do Índio – FUNAI, e que seja colocado um fim à violência, à omissão e à ilegalidade as quais foram submetidos.
Parece um grande equívoco pensar que servidores públicos defensores dos direitos de minorias e do meio ambiente estariam resguardados ou minimamente protegidos por representarem instituições. Ao contrário, e não por acaso, o que vemos são órgãos do Estado sucateados, com condições humanas e materiais precárias o que dificulta suas atuações e mesmo permanência. A despeito dessa triste realidade, a maioria dos profissionais trabalha com comprometimento ético ao tratar das questões envolvendo povos indígenas e comunidades tradicionais. Conforme denúncias que circulam, esses servidores têm sido sujeitos a assédios, a processos administrativos disciplinares que, inclusive, frequentemente enfraquecem suas condições emocionais e de saúde.
Com imenso pesar, reiteramos nossa solidariedade à colega antropóloga Beatriz Matos, esposa de Bruno Pereira, e seus familiares; à família de Dom Phillips; aos povos indígenas do Vale do Javari, aos profissionais indigenistas e aos jornalistas.
20 de junho de 2022.
Comitê Inserção Profissional da/o Antropóloga/o
da Associação Brasileira de Antropologia (ABA)
Rede Autônoma Brasileira de Antropologia (RABA)
Leia aqui o PDF da nota.