Notas:
O Colegiado do Departamento de Antropologia da Universidade Federal de Santa Catarina aprovou em 23 de abril último a criação do Núcleo de Estudos de Povos Indígenas. O NEPI tem como objetivo desenvolver estudos e pesquisas entre os povos indígenas, em particular sobre seus saberes tradicionais, condições de vida presente e seus projetos de futuro, através da articulação de professores, pesquisadores e estudantes de diversas instituições. São instituidores do Núcleo os professores Silvio Coelho dos Santos, Rafael de Menezes Bastos, Esther Langdon, Dennis Werner, Luiz Eduardo Luna, Oscar Calavia, Elsje Lagrou e Anelise Nacke. Endereço: Departamento de Antropologia, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal de Santa Catarina, CP 476, Cep. 88045-010, Florianópolis. Tel (provisório) 048. 231.9250 ramal 25. Fax 048.231.9751 Eldorado de Carajás. Em 17 de abril de 1996, a sociedade brasileira tomou conhecimento, estarrecida, do massacre perpetrado por agentes da Polícia Militar em Eldorado dos Carajás, no Pará, com um saldo de 19 mortes de pequenos agricultores, além de dezenas de feridos. Convém assinalar que nos últimos quinze anos, só neste estado, mais de duzentas pessoas morreram em conflitos fundiários (Boletim da ABA n° 26, p 3). No dia 7 de setembro do mesmo ano, foi inaugurado em Marabá, precisamente no entroncamento da rodovia PA-150, o Monumento dos Sem-Terra de Eldorado dos Carajás, projetado e doado por Oscar Niemeyer. Trata-se de uma escultura de quatro metros de altura, em fibra de vidro, contendo o desenho de uma mão empunhando um instrumento de trabalho, em alto relevo, onde está escrito um texto alusivo ao episódio, seguido dos nomes dos pequenos agricultores mortos. No fechamento desta edição do Boletim, recebemos de Sônia Magalhães, do Museu Emílio Goeldi, a informação de que o Monumento dos Sem-Terra de Eldorado dos Carajás - símbolo da indignação nacional diante deste vergonhoso episódio e do repúdio à tradicional impunidade em casos de conflitos de terra, particularmente naquela região - foi sumariamente destruído. Nossa colega Sonia verificou in loco não apenas o desaparecimento da escultura - a base em concreto apresentava marcas evidentes de vandalismo - mas também o absoluto abandono do local em que ela se encontrava, completamente tomado pelo mato. No quadro da impunidade dos responsáveis pelas mortes no campo e da morosidade do processo de reforma agrária em nosso país, o desaparecimento do Monumento dos Sem-Terra de Eldorado dos Carajás fala por si. Terras de quilombos. O governo do Pará, através do decreto 2.246 de 18 de julho de 1997, instituiu Grupo de Trabalho destinado a promover estudos e apresentar propostas visando a regularização das terras ocupadas pelas comunidades remanescentes de quilombos, bem como a preservação sócio-econômica, cultural e ambiental desta população.
Boletim da ABA # 28 |