A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e a Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (ANPOCS) vêm expressar solidariedade aos técnicos e especialistas do IPHAN no momento em que o Governo Federal promove alterações nas Superintendências Estaduais, substituindo superintendentes – técnicos de carreira ou profissionais com sólida formação na área – por agentes públicos sem o necessário conhecimento dos patrimônios nacionais; sem portanto, as mínimas condições de compreenderem a complexidade do Patrimônio Cultural brasileiro, com suas políticas públicas relativas aos patrimônios edificados, sítios urbanos e arqueológicos, bem como o Plano Nacional do Patrimônio Imaterial e todos os seus intrincados desdobramentos.
Destacamos o importante trabalho que o IPHAN vem desenvolvendo ao longo dos 82 anos de sua existência, tanto no sentido de garantir a preservação da memória coletiva nacional, das referências culturais dos grupos constituidores da Nação brasileira, dos fatos históricos relevantes para o país e seus cidadãos, quanto na defesa da Constituição brasileira. O IPHAN é um dos mais importantes agentes na preservação e salvaguarda dos modos de vida das populações indígenas, afro-brasileiras e populações tradicionais.
As alterações intempestivas nos cargos de superintendentes, como as ocorridas em Goiás, Paraná e Distrito Federal, impactam políticas públicas exitosas, que vinham sendo executadas por equipes constituídas pelos mais importantes especialistas das mais variadas áreas: antropologia, história, arqueologia, arquitetura, urbanismo, sociologia, artes, geografia.
Lamentamos as alterações nas Superintendências e repudiamos qualquer ação que prejudique o projeto nacional do Patrimônio Cultural baseado na valorização da diversidade cultural brasileira e na riqueza das referências culturais do povo brasileiro.
Outrossim, defendemos a valorização dos técnicos e especialistas de carreira do IPHAN, que fazem desta agência de proteção dos patrimônios, uma das mais sólidas e respeitáveis agências do Estado brasileiro.
Brasília/DF, 23 de setembro de 2019
Associação Brasileira de Antropologia – ABA e seu Comitê de Patrimônio e Museus
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