Em 14 de março completou-se um ano da execução de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, assassinados covardemente no bairro da Lapa, Rio de Janeiro. Eles foram alvejados por tiros de uma submetralhadora dentro do carro que os conduzia para o bairro da Tijuca, onde a vereadora carioca morava e se recolhia após um dia de intenso trabalho. Marielle morreu na hora, ao lado de uma assessora e amiga, sobrevivente daquele atentado político. Na referida data, em inúmeras cidades do Brasil e de vários outros países, milhares de pessoas renderam homenagem à memória de Marielle e Anderson e demandaram justiça. A Comissão de Direitos Humanos da ABA acompanhou e apoiou esses atos em diversos locais do país.
Através de cartazes, fotos, bandeiras, performances, músicas e gritos, e através das redes sociais, a demanda por memória explicitou a trajetória de Marielle Franco e o legado de sua luta em defesa dos direitos da população negra, favelada, pobre, das mulheres, dos grupos LGBTs, entre outros grupos. Minorias sociais atingidas pela discriminação, intolerância e pela violência física e moral, seja por parte do Estado, seja por parte de grupos contrários e intolerantes com o respeito à diferença, à ampliação e universalização de direitos e à promoção da igualdade. A demanda por justiça exigiu a conclusão de uma investigação apurada sobre o crime. Hoje dois policiais militares, um dele reformado, encontram-se presos, denunciados como autores materiais do crime. Ambos vinculados a grupos milicianos do estado do Rio de Janeiro e com antecedentes na execução de outros crimes. Resta saber quem mandou matar Marielle.
A luta por memória e justiça supõe o reconhecimento e a homenagem ao legado da trajetória política de Marielle. Mulher, negra, favelada, ela sempre pautou sua ação na defesa dos direitos, do respeito à diversidade e à autonomia dos grupos vulnerabilizados por políticas públicas conservadoras, fascistas, racistas, machistas e genocidas.
A Associação Brasileira de Antropologia, através de sua Comissão de Direitos Humanos, apoia e participa da luta por memória e justiça fazendo jus e perpetuando esse legado. Por isso, exige justiça e saber quem mandou matar Marielle Franco. Luta assim pela defesa dos direitos, pela proteção de todas e todos os defensores de direitos humanos e pelo fim do genocídio que diariamente ceifa a vida da juventude negra e pobre.
Marielle e Anderson presentes! Hoje e Sempre!
Brasília, 25 de março de 2019.
Associação Brasileira de Antropologia – ABA e sua Comissão de Direitos Humanos
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