A Associação Brasileira de Antropologia manifesta total apoio à decisão do Museu Americano de História Natural de não sediar o evento, promovido pela Câmara de Comércio Brasil – Estados Unidos, que homenageará o Presidente da República do Brasil Jair Bolsonaro no próximo dia 14 de maio.
Contrariando a histórica missão do Museu Americano de promover e divulgar informações e pesquisas que valorizem a diversidade cultural e a defesa do meio ambiente, o atual presidente e sua equipe governamental promovem uma agenda política anti-científica que reduziu drasticamente o orçamento destinado à educação pública e à pesquisa científica, e que coloca sob suspeita professores e instituições de ensino e pesquisa. Além disso, Bolsonaro representa um sério risco para a preservação dos direitos humanos na medida em que ataca sistematicamente os direitos culturais e territoriais das populações indígenas, quilombolas e de demais povos tradicionais, condena as políticas de promoção da diversidade cultural, de gênero e racial, defende publicamente o fascismo e enaltece a memória dos torturadores do regime militar. Também defende uma agenda política contrária à defesa do meio-ambiente e a favor do agronegócio – negando os efeitos da mudança climática, liberando o uso generalizado de agrotóxicos e a exploração da Amazônia para fins lucrativos.
Consideramos que tal homenagem contradiria os princípios fundamentais de uma das mais prestigiosas e respeitadas instituições científicas que é o Museu Americano de História Natural, tão comprometido com a defesa dos direitos humanos, da diversidade cultural e da preservação do meio ambiente.
Brasília, 16 de abril de 2019.
Associação Brasileira de Antropologia – ABA e seu Comitê Patrimônio e Museus
Leia aqui a nota em PDF.