A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) vem a público repudiar a ação violenta ocorrida contra a antropóloga Prof.ª Dr.ª Rosa Elisabeth Acevedo Marin e os participantes do Seminário “As Veias Abertas da Volta Grande do Xingu – Uma Análise dos Impactos da Mineradora Belo Sun sobre a Região Afetada por Belo Monte”, organizado pelo Projeto de Pesquisa “Nova Cartografia Social dos Povos Tradicionais da Volta Grande do Xingu” – PNCSA/UFPA e realizado no auditório do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da Universidade Federal do Pará (UFPA), no dia 29 de novembro de 2017. Os atos de violência nesse evento foram praticados por um grupo liderado pelo prefeito de Senador José Porfírio, que veio da região do Xingu para o campus da UFPA, em Belém, com o objetivo de cercear e impedir a manifestação e a publicização de estudos e análises sobre impactos socioambientais associados à exploração mineral pretendida pela mineradora canadense Belo Sun.
Tais estratégias de inibição do debate acadêmico pelo uso da violência fere a “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento e o saber”, que é garantida no Brasil pela Constituição Federal de 1988 (artigo 206), e tem como beneficiária a universidade e instituições acadêmicas versus o uso do poder político, direta ou indiretamente, sobre o campo científico.
A ABA, como associação científica, repudia veementemente e considera inadmissível esse grave crime de assédio cometido contra a liberdade acadêmica e o fazer antropológico que analisa contextos de políticas públicas, que produzem impactos socioambientais associados a projetos desenvolvimentistas impostos autoritariamente.
Associação Brasileira de Antropologia – ABA
Brasília, 30 de novembro de 2017.