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Nota de repúdio pelo assassinato de Ngange Mbaye

A Comissão de Direitos Humanos da Associação Brasileira de Antropologia (ABA) manifesta seu mais veemente repúdio ao brutal assassinato de Ngange Mbaye, cidadão senegalês e muçulmano, ocorrido em São Paulo. O crime evidencia o despreparo da Polícia Militar na mediação de conflitos envolvendo trabalhadores informais e inscreve-se em um contexto de crescente violência, racismo, islamofobia e xenofobia dirigidas contra migrantes africanos.

Ngange Mbaye foi mais uma vida interrompida pelas estruturas de exclusão racial e social que atravessam a sociedade brasileira. Seu assassinato evidencia o impacto de políticas de negligência e de uma cultura de desumanização que atinge de forma brutal os corpos migrantes, negros e muçulmanos.

Reiteramos que esse crime não é um caso isolado, mas parte de um padrão sistemático de violências, muitas vezes invisibilizadas, que expõem a precariedade das garantias de direitos e de proteção à vida para populações que vivem nas intersecções do racismo estrutural, da islamofobia e da xenofobia.

Solidarizamo-nos com a família de Ngange Mbaye, com a comunidade senegalesa, com os coletivos muçulmanos e com todas as pessoas migrantes que enfrentam, diariamente, o desafio de viver em um país que ainda falha em reconhecer sua dignidade, sua fé e seus direitos mais básicos.

Reafirmamos a urgência de políticas públicas comprometidas com o combate à discriminação racial e religiosa, à violência contra migrantes e à impunidade.

Exigimos a apuração rigorosa do caso e a responsabilização dos autores deste crime.

Chega de silêncio. Chega de violência. Vidas negras, migrantes e muçulmanas importam.

Brasília, 23 de abril de 2025.

Associação Brasileira de Antropologia (ABA) e sua Comissão de Direitos Humanos

Leia aqui a nota em PDF.