Momento único para dialogar sobre casos conhecidos como autos de resistência. Conhecê-los é conhecer um pouco mais sobre homicídio praticado pela policia contra civis no Rio de Janeiro. Alegam direito de defesa do policial diante de suposta resistência do morador. Contou com a presença das professoras antropólogas convidadas Adriana de Resende Barreto Vianna (MN/UFRJ), Lucia Eilbaum (UFF), em diálogo com as líderes de movimentos sociais: Ana Paula Oliveira (Mães de Manguinhos) e Maria Dalva Correia da Silva (Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência) e com a antropóloga e cineasta Natasha Neri. Teve a mediação de Lia Zanotta Machado, Presidenta da ABA.
Em sua fala, Ana Paula Oliveira, aponta a execução da Marielle, como uma mostra assustadora dessa violência, "Marielle nos apoiava e cuidava, hoje eu vejo Marielle como nossa filha e lutamos pela memória dela”. Ana Paula teve seu filho morto. A morte de seu filho foi registrada como auto de resistência, sem qualquer prova.
“A realização do quarteto foi importante e fundamental por trazer o tema da violência de estado e institucional através da linguagem do cinema e da participação de mulheres negras que vivenciam no próprio corpo e na vida essa violência pela morte de seus filhos e por todos os efeitos que isso teve e tem nas suas vidas. Receber essas contribuições na Reunião Brasileira de Anatropologia permite explicitar e colocar em discussão o tema tão caro à vigência dos direitos humanos no Brasil” explicou a pesquisadora Lúcia Eilbaum.
Para Adriana Vianna, essa atividade indica o quanto a produção do conhecimento antropológico é indissociável das pessoas e coletivos com quem nos engajamos. Dialoga diretamente com as formas de conhecimento e as ações produzidas pelos movimentos sociais e isso nos fortalece como disciplina e como atores sociais” ressaltou a antropóloga.
As convidadas são pesquisadoras que conhecem o tema há muitos anos. São envolvidas nos movimentos sociais e de familiares que lutam, cotidianamente contra essas violações. No estado do Rio de Janeiro 5 pessoas são mortas por dia no ano de 2018.
O Quarteto teve em sua programação a exibição do filme Autos de Resistência, com direção de Natasha Neri depois de anos de pesquisa. “Encontramos grandes dificuldades nesses casos judiciais. Percebemos que os policiais não se esforçam para apurar os casos, a grande maioria dos casos são arquivados por falta de provas ou até mesmo tornam vítimas culpadas. A partir dessa angústia nas investigações, surge o filme Auto de Resistência para expor a luta de familiares em busca de justiça” argumentou Neri.
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