A Associação Brasileira de Antropologia (ABA), junto com sua Comissão de Assuntos Indígenas (CAI) e seu Comitê Quilombos (CQ), manifesta sua indignação com a ação de seguranças da empresa Brasil BioFuels (BBF), ocorrida na manhã de sábado, 24 de setembro, contra indígenas do povo Turiwara da comunidade Braço Grande, próximo à Vila Socorro, em Tomé-Açú, no nordeste do Pará, que levou à morte de um indígena e deixando três outros gravemente feridos.
Segundo matéria divulgada no portal de notícias G1, testemunhas relatam que, de um carro vermelho com quatro pessoas fardadas da empresa BBF, foram disparados tiros contra o carro em que estavam os indígenas. As vítimas são integrantes de movimentos comunitários de indígenas, quilombolas e ribeirinhos na região, que resistem a ação de grileiros, fazendeiros e de empresas da indústria do óleo de palma no estado do Pará. Terras ocupadas pelas comunidades foram incorporadas ilegalmente pela empresa ao seu patrimônio, desconhecendo processos em andamento de demarcação dos territórios ocupados por comunidades indígenas e quilombolas. Se instalou a “guerra do dendê”, como é chamada pelos comunitários a situação criada.
Manifestamos nossa solidariedade ao povo indígena Turiwara. E pedimos aos órgãos responsáveis a apuração dos fatos ocorridos na manhã de 24 de setembro em Tomé-Açu e o acompanhamento do Ministério Público Federal (MPF), garantindo uma investigação imparcial e prezando pela segurança e estabilidade da comunidade Braço Grande. À Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que tome medidas urgentes de regularização fundiária da terra indígena reivindicada pelos Turiwara e Tembé; e ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que conclua os processos de regularização fundiária dos territórios quilombola Alto Acará Amarqualta e Nova Betel.
Brasília, 28 de setembro de 2022.
Associação Brasileira de Antropologia – ABA, sua Comissão de Assuntos Indígenas – CAI e seu Comitê Quilombos – CQ
Leia aqui a nota em PDF.